Os desafios para a infraestrutura do País e de Minas Gerais podem se acentuar nos próximos dias com as altas em produtos utilizados pela indústria da construção pesada, responsável, principalmente, pelas obras em aeroportos, rodovias e portos.

Aumento nos preços de insumos como asfalto e diesel é um dos fatores que vem pressionando o segmento da construção pesada | Crédito: Divulgação
POR EMELYN VASQUES | 16.03.2022
Os desafios para a infraestrutura do País e de Minas Gerais podem se acentuar nos próximos dias com as altas em produtos utilizados pela indústria da construção pesada, responsável, principalmente, pelas obras em aeroportos, rodovias e portos.
De acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), somente nos últimos dois anos o asfalto (material betuminoso) subiu 213%, seguido pelas altas do diesel (137%), do aço (102%) e da gasolina (85%), materiais utilizados nas grandes empresas e que têm seus custos onerados na própria composição ou logística até as obras.
A continuidade de obras está em xeque já que os contratos de construção pesada são reajustados anualmente, diferente daquelas variações positivas em insumos que mensalmente pesam no orçamento das empresas. Segundo o presidente do Sicepot-MG, João Jacques Viana Vaz, essa realidade se intensificou desde o início da pandemia, quando, além do material betuminoso, produtos como o cimento, o ferro e agregados subiram expressivamente e impactam os contratos de obras.
Mais recentemente, a Petrobras anunciou reajustes de 18,8% no preço da gasolina que sai das refinarias e de 24,9% no diesel. As altas acompanham, principalmente, o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a demanda mundial por energia elétrica crescente em meio à retomada da economia.
“Os órgãos públicos têm dificuldade para estabelecer critérios de reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos, por interferência dos órgãos reguladores. Algumas portarias foram estabelecidas em alguns órgãos contratantes, mas nenhuma delas atacou o principal problema, que é o reajuste mensal dos insumos, que não são refletidos imediatamente nos índices de reajustamentos”, explica o presidente do Sicepot-MG.
A dificuldade ocorre próximo ao anúncio de novos lotes do Programa de Concessões Rodoviárias que o governo de Minas Gerais deve publicar já nos próximos dias. Além dessas obras, estão previstas também aquelas estabelecidas entre o governo e órgãos de justiça no Acordo da Vale.
MUDANÇAS NOS CONTRATOS
Em Minas Gerais, desde o ano passado, quando a indústria de construção pesada se recuperava da falta de insumos básicos e de altas dos preços resultantes da paralisação de fábricas diante do combate aos períodos mais críticos da pandemia da Covid-19, o Estado iniciou debates sobre os prazos de reajuste nos contratos. Juntos, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) e o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG) montaram um Grupo de Trabalho para criar novas normas para a regulamentação de critérios e procedimentos para o reajuste de contratos em casos como os de altas expressivas como as vividas atualmente.
Os reflexos, no entanto, se estendem em todo o País. Conforme declarou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, em entrevista a Joana Cunha, da Folhapress, a entidade enviará ao governo federal um pedido para que as empresas tenham permissão e segurança legal para antecipar o reajuste dos contratos com os governos municipais, estaduais e o federal, uma vez que a construção pesada depende, em grande medida, dos preços do diesel e do asfalto.
Fonte: Diário do Comércio
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