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CONSTRUÇÃO PESADA

Faltam insumos e equipamento na construção pesada em Minas Gerais.


Construção pesada em Minas deve repetir os resultados do ano passado, apesar da pandemia | CRÉDITO: ALISSON J. SILVA/Arquivo DC


Por Mara Bianchetti

Com a retomada das obras na maior parte do Estado, após alguns meses de ritmo mais lento, em função da pandemia de Covid-19, a indústria da construção pesada de Minas Gerais está enfrentando problemas de disponibilidade de máquinas e abastecimento de materiais. Alguns fornecedores aumentaram os preços dos insumos em até 20%, adiaram prazos de entregas dos equipamentos e até romperam contratos.

As informações são do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada no Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG), Emir Cadar. Segundo ele, o movimento é consequência do baixo ritmo de produção da indústria nos últimos meses.

“Algumas fábricas ficaram fechadas por meses, outras atuaram com escala reduzida. Tudo isso porque esperavam que as demandas caíssem substancialmente com a pandemia, o que não aconteceu. Agora, com a retomada, não há produtos suficientes no mercado”, explicou.

Segundo o dirigente, entre os insumos com maior dificuldade de abastecimento estão tijolos, tubos de concreto, fios e equipamentos de uma maneira geral. Os fabricantes têm pedido para estender os prazos de entrega ou, até mesmo, estão rompendo contratos, alegando que não conseguirão honrar com o compromisso.

“E não bastasse a falta, já estamos observando aumento nos preços. Os fornecedores que ainda possuem algum estoque elevaram os produtos entre 10% e 20%. Quando falamos de aumentos de 1% ou 2%, conseguimos absorver. Mas nestas proporções, é impossível”, ressaltou. “Principalmente porque estamos diante de um cenário de juros baixos”, completou.

A situação pode postergar ainda mais a execução das obras, que já sofreram algum impacto no primeiro semestre deste exercício, por conta da pandemia. Durante o período mais crítico, o setor executou, praticamente, apenas obras consideradas essenciais, como as de manutenção rodoviária. No Estado, muitas prefeituras paralisaram as obras, enquanto outras diminuíram o ritmo. Em meio às empresas privadas, também houve reduções. Neste ritmo, conforme Cadar, as construtoras também não vão conseguir cumprir os prazos determinados.

Em relação ao desempenho do setor, ele disse que a situação melhorou, pois muitas intervenções tiveram seus ritmos retomados e também houve a sinalização de novos projetos por parte do Ministério da Infraestrutura.

“O cenário está bem melhor, pelo menos em termos de otimismo. A indústria da construção não foi fortemente afetada, ao ponto de apurar retração neste exercício, nem incrementada, de maneira a fomentar o desempenho. Vamos encerrar 2020 com estabilidade sobre 2019, o que já consideramos satisfatório, em virtude do contexto social, econômico e financeiro”, avaliou.

A construção pesada já vinha sofrendo bastante ao longo do tempo, conforme Emir Cadar já havia dito para o DIÁRIO DO COMÉRCIO no começo deste ano. Desde 2014, já se registravam perdas no setor.

A Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) disse, por meio de nota, que os movimentos de preços identificados no mercado recentemente são consequência de uma série de fatores conjunturais que estão contribuindo, em maior ou menor grau, dependendo do produto e região, para a situação experimentada neste momento.

Conforme a entidade, nos últimos meses, houve grande volatilidade da demanda, onde a indústria de materiais de construção por imposição da pandemia viu sua produção diminuir abruptamente para cerca de 50% em abril e maio.

Logo na sequência, uma retomada abrupta da demanda, com necessidade de reposição de estoques e incremento expressivo dos volumes de produção, trazendo ao setor um desafio de curto prazo de fazer uma série de ajustes internos de equipamentos, de pessoal e de aquisição de insumos que não são imediatos.

“Além disso, em diferentes graus, dependendo do segmento, houve aumento de uma série de matérias-primas, por fatores externos e alheios à vontade ou ação das empresas, seja por questões de oferta/demanda ou relacionadas a flutuações cambiais. Finalmente, ainda podem ter ocorrido problemas de serviços logísticos em algumas regiões, que em função da pandemia ainda estão se normalizando”, disse no documento.

A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) também foi procurada, mas não se manifestou sobre o assunto

Fonte: Diário do Comércio

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